Promovido pela Emater/RS-Ascar e Prefeitura de Serafina Corrêa, através da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, na quarta-feira (28/09), aconteceu o Dia de Campo sobre Novas Tecnologias para a Produção Leiteira Familiar, no salão da Capela São Pedro e Tambo S. Martins, da família de Leonel e Ana Silvestrin.
Com a participação de mais de 130 pessoas, o evento contou com palestras e estações a campo, onde foram apresentadas tecnologias acessíveis que podem ser aplicadas em pequenas propriedades familiares, especialmente nas que trabalham com pasto e foram aplicadas no Tambo e em outras propriedades que fazem parte dos projetos GT Leite, de gerenciamento da propriedade leiteira e Elite a Pasto, desenvolvidos em Serafina Corrêa.
Pela manhã, aconteceu a abertura do evento, que contou com a presença de autoridades, dentre elas o Prefeito Valdir Bianchet e o Secretário de Agricultura, Rodrigo Marcon.
Pela manhã aconteceu a palestra do extensionista Leandro Ebert, Engenheiro Agronomo da EMATER, que apresentou resultados obtidos por algumas propriedades assistidas no município no que diz respeito a utilização adequada de pastagens para produzir mais leite, com melhor eficiência produtiva e a um custo mais baixo; e a escassez de mão de obra com tecnologias e técnicas que permitem organizar e utilizar melhor a mão de obra na propriedade, trabalhando com um sistema de produção de uma maneira mais simples.
O analista da Embrapa Trigo Giovani Faé expôs oportunidades de melhoria da renda com produção de forragem no inverno, apresentando resultados do cultivo de forrageiras como trigo, cevada e triticale, entre outros, tanto para pasto quanto para silagem no inverno, que possibilitam a produção de forragem conservada de alta qualidade com baixo custo no inverno, inclusive com a produção de duas safras de silagem no período, ou o aumento do ciclo de pastejo, por exemplo.
Ainda de manhã, o professor da UFRGS, Paulo Carvalho, esclareceu sobre o Rotatínuo, um conceito de manejo de pastagens aplicado pela primeira vez no município pelo Tambo S. Martins e adotado pela Emater/RS-Ascar no Projeto Elite a Pasto. “É uma proposta diferente, em vez de olhar prioritariamente para a planta, ele olha prioritariamente para o animal, o manejo é montado em função das necessidades da vaca leiteira”, explica. Conforme Carvalho, esse manejo tem pontos de entrada no pasto que são mais baixos e de saída que são mais altos, os tempos de descanso são bem menores, e o melhor horário para as vacas estarem no pasto é no final da tarde. “Aplicando o Rotatínuo as vacas produzem mais, elas tiram mais do pasto, precisam menos de suplementação, e isso faz com que se produza mais e diminua o custo”, destaca o professor, lembrando que isso também proporciona maior qualidade de vida para as famílias, que passa a ter mais tempo para de dedicar a atividades que gosta.
À tarde, os participantes puderam verificar, em visita à propriedade, a aplicação dessas tecnologias e os resultados obtidos. O engenheiro agrônomo Elizaer Kosciuk, extensionista da Emater/RS-Ascar, com a produtora Ana Silvestrin, mostraram os resultados da propriedade antes e depois da intervenção da Emater/RS-Ascar. A família saiu de uma renda mensal em 2016 de aproximadamente R$ 300 (renda agrícola, já descontando depreciações) para uma renda de cerca de RS 3 mil em 2017, tendo um resultado imediato, com poucas intervenções. Com a continuidade do trabalho, a renda atingiu em torno de R$ 5 mil mensais no ano de 2021. Esse salto foi possível graças ao aumento da produtividade e da margem de lucro, pois a família tem apenas 12 animais em lactação. No período, a produtividade passou de 15 litros/vaca/dia para 25 litros/vaca/dia em média. E a margem de lucro por litro de leite, mesmo passando por pandemia e a guerra na Ucrânia, que aumentou o custo dos insumos, também foi aumentando, passando de R$ 0,10 para 0,50 por litro.
Em outra estação, a engenheira agrônoma Taciana Marchesini, extensionista da Emater/RS-Ascar, falou sobre o redesenho da propriedade para produção eficiente à base de pasto, mostrando a conversão do manejo e a organização da propriedade para melhor utilização das pastagens, o que incluiu mudanças no manejo (alteração dos horários de ordenha e alimentação), no piqueteamento, corredores, área de descanso, água e sombra, recuperação do pasto, entre outros. Isso também otimizou a mão de obra da família e melhorou, além da renda, a qualidade de vida.
Ebert demonstrou ainda os novos arranjos produtivos de forrageiras para a região, com destaque para os arranjos que estão sendo utilizados na propriedade. A família trabalha, na área próxima da sede, com pastagem perene subtropical de verão (tifton 85), em consórcio com trevos brancos, vermelho e sobres semeadura de centeio forrageiro no inverno. Também estão sendo avaliadas a introdução de Alfafa e Chicória Forrageira no mix, junto aos trevos e às gramíneas. Na área distante da sede, são cultivados materiais para produção de silagem, como milho na safra, sorgo na safrinha, trigo e triticale no inverno, sendo que, há 1 ha sendo cultivado com o triticale BRS Zênite, novo material disponibilizado pela Embrapa Trigo.
Ebert também destacou as tecnologias que estão sendo aplicadas no manejo dos materiais, como, o próprio Rotatínuo, a Adubaçãão de Sistemas e a inoculação das leguminosas com rizóbios e das gramíneas com azospirillum, para fixação biológica de nitrogênio.
Segundo o Secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio Rodrigo Marcon, a Prefeitura de Serafina Corrêa é parceira da Emater na promoção de soluções que impulsionem o desenvolvimento das propriedades do município, como as apresentadas no Dia de Campo. Ainda, a Prefeitura auxiliou na realização e organização do evento, viabilizando a presença dos palestrantes e destaca que o Município está preocupado em auxiliar no desenvolvimento dos agricultores, que puderam obter conhecimento e exemplos práticos para o desenvolvimento de suas propriedades.
O evento teve o apoio da Embrapa, Ufrgs, Aliança Sipa e Banrisul, e o patrocínio de Cooperlate, Sicoob e Cresol.